O Grito

Olho pros lados

Mas não enxergo nada

A tristeza é o meu jugo

O cansaço é o meu fardo

Sentimento não há

Quando, de onde havia de brotar

Mal é nascente, mas já secou

E a esperança, na foz se afogou

E o sal do mar da desgraça

A minha pele queimou

E queima, arde

Mas não vejo ferida

A chaga se abre

Nas entranhas da vida

No entra-e-sai das pessoas

Portas são batidas

E cada verdade cuspida

É rima a ser lida

Faz o verso chegar

Faz-me gritar

Regurgitar

E eu quero falar

Preciso falar

Senão fico louco

Prefiro rasgar a minha garganta

Com berros que me deixam rouco

Hão de expurgar-se do meu corpo

Como um gênese da loucura

Uma onda feita por lágrimas da solidão

Supernova

Explosão

Firmo, em versos ríspidos, o rito

Do exorcismo do meu grito

Na esperança que alguém me ouça

E traga a centelha de luz

Que me encontrará em meio a escuridão.

Gabriel Luiz
Enviado por Gabriel Luiz em 11/03/2017
Reeditado em 13/07/2017
Código do texto: T5938109
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