A UM AIDÉTICO DESCONHECIDO
Teu sorriso me lembrou nuvens
e uma rua cheia de mil cores,
mas tu lembrastes de outras coisas
aliadas a tristezas e outras dores.
Eu via a cor de teus olhos,
tu lembrastes de quem não mais a via.
A memória de tudo foi sentida,
porque falastes da partida
de alguém que já se foi desta vida.
Eu via o azul do céu
e teus olhos brilhando eram estrelas.
Esse alguém que partiu ficou sem vê-las,
ficou sem visão, sentido o coração,
presa da angústia de não ver.
Enquanto tu falavas, eu chorei
pela impotência e incompetência
de não saber como salvar.
Chorei por quem não conhecia,
por alguém que as cores já não via
por alguém que, afinal, não pude amar...
Chorei por um jovem que sofreu
a dor de não mais ver a natureza,
de não mais ver as cores e a beleza
da vida que viveu.
Tu me fizestes chorar, mas te agradeço
foi bem pouco e pequeno o preço
que paguei para lembrar
da preciosidade que é ver cores,
da imensa alegria de enxergar!