A UM AIDÉTICO DESCONHECIDO

Teu sorriso me lembrou nuvens

e uma rua cheia de mil cores,

mas tu lembrastes de outras coisas

aliadas a tristezas e outras dores.

Eu via a cor de teus olhos,

tu lembrastes de quem não mais a via.

A memória de tudo foi sentida,

porque falastes da partida

de alguém que já se foi desta vida.

Eu via o azul do céu

e teus olhos brilhando eram estrelas.

Esse alguém que partiu ficou sem vê-las,

ficou sem visão, sentido o coração,

presa da angústia de não ver.

Enquanto tu falavas, eu chorei

pela impotência e incompetência

de não saber como salvar.

Chorei por quem não conhecia,

por alguém que as cores já não via

por alguém que, afinal, não pude amar...

Chorei por um jovem que sofreu

a dor de não mais ver a natureza,

de não mais ver as cores e a beleza

da vida que viveu.

Tu me fizestes chorar, mas te agradeço

foi bem pouco e pequeno o preço

que paguei para lembrar

da preciosidade que é ver cores,

da imensa alegria de enxergar!

Rachel dos Santos Dias
Enviado por Rachel dos Santos Dias em 26/07/2007
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