Unguento Sacrossanto
Negro punhal que apunhalas
O cisne casto,isento em neve,
Soe tu, morte,que igualas,
O chumbo a pluma ígnea e leve;
Chora meu sexo as cavalas
Coito cruel,desespero breve,
Rutilo batel ébrio de orgias
Rompe os liames em poesias.
Magoada musa a um canto
Chora o anjo da guarda atarefado
Enrodilhado em teias de quebranto
Artefato pisado e estafado.
Dor convulsa,desmedido pranto,
Esperma trevoso e aloucado
Dá mel,musa,a meus idílios.
Sangro dolorosamente delírios.
Os vagidos sensuais da juventude
Açoitados espectros de degredo,
Eco de punhal,atroz lassitude,
Poema de loucura e medo.
Na treva da dor,beatitude,
De pureza amorosa triste enredo
Denso punhal de magoas e degredo
De entusiasmo cordeiro a mansitude.
Verte o unguento sacrossanto
De teus lábios,nadida beleza,
Sobre as sucursais de meu pranto
Musa que não me causas estranheza;
Nas redes do viver te amo tanto
Hino em tear de escultural pureza,
Bela sendo feminil arcanjo
Sexo de vaca e olhos de anjo.