Inepto
Tranco a porta do quarto
Quero sentir-me sozinho
Quero sentir a dor
Não dourar a pílula
Não temer o dessabor
Feito o nada, obscuro e rutilante
Fracasso do medo no inepto
Como no repente de ira
Como adiantar a tosse?
Como não sentir fadiga?
Vida move os olhos
Vida fere a vida
Falta poucos dias
Quero galopar distante
Quero beber um vinho
Lúgubres amantes
Chorar amores esquecidos
Acontece que esquecer
Nunca foi sentido
Se eu não for tudo aquilo
Se eu não for o escolhido
Não minto, todo somos alvos
Das expectativas de alguém
Tenho minhas vontades segredadas,
afundaram-se todas
Sozinhas num barco na costa
Nem mais sei o que quero
Tenho medo, medo do vazio
De tão pouco que sou
Não posso perder-me
Sou tudo que tenho
Incógnito, meu peito
De incoerência