Ao poeta com saudades

Poeta menino,

Tão frágil que por vezes teme o destino

Poeta medroso,

Sente medo da dor

de doença

de agulha

de multidão

tem medo do escuro

Mas gosta da noite,

gosta tanto que por ela se aventura em versos

Poeta sem juízo e sem amarras

Mas que se amarra a um amor doentio

Poeta iludido que pensa que se aprisionando

viverá uma linda e eterna história de amor

Poeta complacente que abre mão da alma de poeta

E no silêncio se justifica e morre, e mata, e chora, e sofre

Poeta que em agonia se mantém em favor de um alguém que a ele não respeita

Sim, que respeito pode existir se destruo o que tens de melhor?

Poeta, de barulho tua alma é feita

No barulho das almas encantadas sobrevive a tua alma que encanta

Poeta, não morra!

Não se mate!

Até sofra, pois no sofrimento transbordas em versos

Grita, poeta!

Liberta-te, poeta!

Verseja, poeta!

Invade-nos, poeta!

Invada-se, poeta!

Invade-me, meu querido poeta!

Elô Araújo
Enviado por Elô Araújo em 24/10/2015
Reeditado em 25/10/2015
Código do texto: T5426107
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