Ao poeta com saudades
Poeta menino,
Tão frágil que por vezes teme o destino
Poeta medroso,
Sente medo da dor
de doença
de agulha
de multidão
tem medo do escuro
Mas gosta da noite,
gosta tanto que por ela se aventura em versos
Poeta sem juízo e sem amarras
Mas que se amarra a um amor doentio
Poeta iludido que pensa que se aprisionando
viverá uma linda e eterna história de amor
Poeta complacente que abre mão da alma de poeta
E no silêncio se justifica e morre, e mata, e chora, e sofre
Poeta que em agonia se mantém em favor de um alguém que a ele não respeita
Sim, que respeito pode existir se destruo o que tens de melhor?
Poeta, de barulho tua alma é feita
No barulho das almas encantadas sobrevive a tua alma que encanta
Poeta, não morra!
Não se mate!
Até sofra, pois no sofrimento transbordas em versos
Grita, poeta!
Liberta-te, poeta!
Verseja, poeta!
Invade-nos, poeta!
Invada-se, poeta!
Invade-me, meu querido poeta!