Primeira estrela que vejo, realiza meu desejo!
Não sinto mais seus olhos em Vênus
Parados no abismo distante da infância
Antes eu sentia! Posso jurar_
Que olhávamos no mesmo instante!
Através da estrela via seus olhos de criança
Com o mesmo brilho cantante
Que muitas vezes me fez sonhar.
Seu sorriso brotando maroto no canto da boca...
Naquele momento, que ia morrendo o dia.
E a cigarra cantava de ficar rouca
E a gente sentia na pele a tarde ficando mais fria
E o breve silêncio que antecede uma oração
Eu via, no imenso céu indiferente,
As notas que saíam do seu violão
Era a música que nossos olhos dançando
Citavam nossa frase como num ritual!
...Primeira estrela que vejo, realiza meu desejo...
Hoje seus dedos dedilham o poente
Mas canta outra canção
Sua voz, eu imagino ainda mais alegre.
Porém seu canto muito mais que distante!
Uma voz que já foi minha...
Mesmo que no sussurro breve
De um sonhar!
Hoje sou aquela estrela que se apaga
Tão sozinha no céu, quanto minha lágrima sozinha no chão
Uma vida paralela!
Como se a minha não fizesse mais parte dela!
Ah! Noite fria que me afaga,
Por que me trazer tantas lembranças vis?
Meu olhar se embaça antevendo o pranto
E este meu sofrimento é tanto!
Que se convulsiona meu corpo em febre
Nessa estranha penumbra do esquecimento
Nessa vala escura ao qual fui abandonada
Me desfaço em pedaços desejando que o vento me leve
Que me varra deste Universo!
Que me espalhe neste estrelado manto
E que me transforme em outra estrela
Só pra voltar a iluminar teu canto!