CICLO NORDESTINO
Paira sobre a cinzenta caatinga
O anjo negro da morte
Alguns chamam-lhe sina
Outros chamam-lhe sorte
E no inferno nordestino
Dizem que o sertanejo é um forte
Mas é antes de tudo um menino
Que sangra e lambe o próprio corte
O sol é do anjo a asa assassina
A ceifar vidas e esperanças no agreste
Em uma triste e cruel carnificina
Do passado igual horror somente a peste
Mas basta algumas gotas de chuva
E a mata enverdece-se por inteiro
E o sertanejo põem-se logo a labuta
Nas trovoadas de novembro a janeiro
E assim mais um ciclo termina
No esquecido sertão brasileiro
Onde a vida junto a morte germina
Na dura saga desse povo altaneiro