HÁ GUERRA!
HÁ GUERRA!
Há um sol que se finda no sol-posto,
Uma noite que vem sem alvorada...
Há um terror estampado em cada rosto
E uma bomba se espalha, detonada.
Há uma cave tosca, negra, escura
Gente que nada come... que vegeta;
Há uma imensa dor, uma tortura
Rasgando-lhes o peito. Há uma seta!
Há uma mãe que corre, o filho ao colo
Em busca de um abrigo mais seguro...
Um míssil a explodir perto, no solo
E dois corpos que caem no chão duro.
Há um homem deitado... não tem braços!
Inerte numa cama de hospital.
Cessou já de chorar, os olhos baços,
(A morte talvez fosse um menor mal...)
Há um jovem carregando o pai nos ombros
Curvado com seu peso inanimado;
Tirou-o lá do fundo dos escombros
Dum prédio onde ficara soterrado.
Há, pálido, um petiz, que faz vigília
Não suportando o peso do destino;
Acaba de perder toda a família
Que lhe daria o pão e o ensino.
Há campos com crateras e sinais
De fome, morte lenta... não há pão!
E até nos pachorrentos animais
Se nota o mesmo fim, destruição!
Um patamar tão baixo onde se está...
Um mundo eivado de ódio, de peçonha!
Há quem decide a guerra. Parem já!
Há crimes de quem manda. Haja vergonha!!!
Joaquim Sustelo
(em RAIOS DE LUZ)