Eu me rendo à sua lente.
A sua visão.
A sensacional impressão
de meus olhos doídos.
Olhos assustados e atônitos.
De quem teve a dignidade roubada.
Vilipendiada e vendida ainda em farrapos.
Eu me rendo à sua pessoa.
Não porque seja fraca ou frágil.
Porque a luta é sem trégua
e a guerra não escolhe sujeitos.
Seu efeito devastador se espalha feito epidemia.
Estou contagiada até alma de medo mortal.
Medo de não entender nada.
E, sentir que minha vida,
que minha existência está simplesmente
fora de preocupações,
fora de cogitações.
Eu me rendo à sua fotografia.
Que irá me reproduzir assim
para todos verem o meu susto.
O meu esgar de pavor contínuo.
O trauma impressos nos flashes
de olhos refletindo pessoas e passantes
que me ignoram...
que me veem, mas não me enxergam.
Mas você, notou-me.
Sua fotografia de meu pavor.
Renderá notoriedade e dinheiro.
Quanto à mim, só me resta a miséria da guerra
e o despudor de ser sobrevivente.
Ter vida impune numa cidade culpada.
Mas, sem nenhuma
outra causa para prosseguir.
Eu me rendo à sua lente.
Ao flash.
Aos olhos distantes e indiferentes.
A crueldade latente.
A crueldade explícita.
De quem acha engraçado,
zombar do medo alheio.
De neuroses alheias.
Dos escombros misteriosos que não contam
sobre a finitude de ser apenas
mais uma criança sozinha
e jogada num canto qualquer de mundo.
Enfim, junto as mãos e me entrego.
Eu me rendo.
E você?
A sua visão.
A sensacional impressão
de meus olhos doídos.
Olhos assustados e atônitos.
De quem teve a dignidade roubada.
Vilipendiada e vendida ainda em farrapos.
Eu me rendo à sua pessoa.
Não porque seja fraca ou frágil.
Porque a luta é sem trégua
e a guerra não escolhe sujeitos.
Seu efeito devastador se espalha feito epidemia.
Estou contagiada até alma de medo mortal.
Medo de não entender nada.
E, sentir que minha vida,
que minha existência está simplesmente
fora de preocupações,
fora de cogitações.
Eu me rendo à sua fotografia.
Que irá me reproduzir assim
para todos verem o meu susto.
O meu esgar de pavor contínuo.
O trauma impressos nos flashes
de olhos refletindo pessoas e passantes
que me ignoram...
que me veem, mas não me enxergam.
Mas você, notou-me.
Sua fotografia de meu pavor.
Renderá notoriedade e dinheiro.
Quanto à mim, só me resta a miséria da guerra
e o despudor de ser sobrevivente.
Ter vida impune numa cidade culpada.
Mas, sem nenhuma
outra causa para prosseguir.
Eu me rendo à sua lente.
Ao flash.
Aos olhos distantes e indiferentes.
A crueldade latente.
A crueldade explícita.
De quem acha engraçado,
zombar do medo alheio.
De neuroses alheias.
Dos escombros misteriosos que não contam
sobre a finitude de ser apenas
mais uma criança sozinha
e jogada num canto qualquer de mundo.
Enfim, junto as mãos e me entrego.
Eu me rendo.
E você?