A DEUS MINHA MÃE
A DEUS MINHA MÃE
Ela sempre, em vida dizia
Que um dia ia deixar a gente
Pois nesta terra de meu Deus
Ninguém fica pra semente.
Em 24 de março, a enjeitada demente
Para a eternidade a minha mãe levou
A maldita, audaciosa e irreverente
Deixou minha vida sem sabor.
Hoje vejo a vida em preto e branco
As cores do meu arco-iris desbotaram
Meu horizonte ficou sem flanco
De tudo que ela foi, só as lembranças ficaram.
Minha tristeza chorou de melancolia
Meu viver ficou: insípido, inodoro e incolor
Movida por sentimento que nem eu sabia
É imensurável o tamanho desta minha dor.
A única cor que ainda vejo é amarela
Mas não é o amarelo da roseira do jardim
É o amarelo do barro que cobriu o féretro dela
Resumindo deliberadamente o seu fim.
Capanema, 28 de março de 2015.
Samuel Alencar da Silva