Um que a noite mandou de presente

Nova madrugada de pensamentos,

Escrevendo os meus lamentos,

Ansiosos e calmos tormentos,

Que vem e vão com os ventos.

Talvez eu pudesse ser frio e cruel,

Viver uma vida sem sal e sem mel,

Talvez eu devesse ser desapegado,

Pra jamais correr o risco de ser mal amado.

E talvez pudesse ser o mais indiferente,

Pra que nunca estivesse carente,

E fosse de todos o mais incompreensível,

Que até mesmo conviver seria impossível.

Talvez eu fosse, eu poderia,

Eu devesse, eu seria,

Mas só talvez, equivalente ao vocábulo feminino de nunca,

Que bem o mal isso me faça, eu escolhi ser apenas um eu.