SE PUDESSE...
Se pudesse destrelar-te do céu
Nas noites imersas de sonhos
Fá-lo-ia
Assim não me caberia a cegueira
Das luzes tilintantes
Que penetram no olhar indefeso
Aquele que busca nos recantos soturnos
O sustento da alma
Se pudesse desmembrar o ar
A cada golfada inquieta
Fá-lo-ia também
É que o ar tem particulas indeleveis
Que vais deixando nas passagens
Esses perfumes espalhados
Que me trazem o sufoco
Por não os conseguir expelir...
Nem tossindo o coração!
Se conseguisse despovoar o espaço
Onde foste construindo torres de sonhos
Com a alvenaria dos sentidos
Já o teria feito...
Mas não me cabe a força ou o engenho
De ser demolidor
Que não demolir-me a mim próprio
E tentar reerguer-me...
Fortificado com dissipadores do sentir...
2015, Jan, 23