arranque da vida

É arrancado do ventre da vida

Um sonhar solfeja réquiens em plena manha

Quem de todos nós poderia prever

Uma leveza insustentável partilhada

Defasa uma inundação de acasos desastrosos no limiar do possível

Acontece

Acontece todos os dias

E nada podemos fazer

É como ir de encontro ao infinito

Definhar no meio de passos dados ao sol

Atravessar por um punhal na linha da vida

Se foi

Nunca mais voltara

E todas as tentativas serão falhas

Como desarmar o passado em pleno presente

Carregar ditames do destino

Para todo o sempre

A memória pesa

E de todos os lados gritamos a esquecer

Fique para trás

Aonde não me atinja

É meu ponto cego

E nada posso fazer

Tudo que poderia ficou pelo caminho

A única coisa que tenho são agora linhas e silêncios

A onda lavou as pegadas da areia

Já não sei mais onde estou

Se quem sou é um grito de socorro

Posso dizer que esqueci meu nome

E procuro em todos os cantos

Quem seria o dono dessas linhas

Elas simplesmente vão

E eu fico