Morte de um pequeno anjo
Inspirado na música “Hello”, da banda Evanescence
Novamente aqui você se encontra
Só, entre as árvores desfolhadas
Amedrontada, ante a chuva congelada
Lembra-se do que lhe aconteceu?
Lembra-se desse parque, palco de tantas diversões?
Recorda-se das árvores sob as quais você morreu?
O tempo não passou
Vê? Lá está você, inerte
Nos teus olhos sem vida reverberam os ecos da efemeridade
Presas em teus lábios ficaram palavras que ainda seriam ditas
Não te disseram que já não respiravas?
Que em teu peito foram ceifadas
As quimeras futuras?
Jaz contigo, imóvel em tua mão, o brinquedo de que tanto gostavas
Símbolo de tua inocência
O estandarte da pureza de que foi subtraído o mundo insanamente...
Criança, não chores
Nada mais há que possa ser retificado
Diante dessa crueldade
Mil vezes quiseras tu que fosse um pesadelo
Porém, infelizmente não estás sonhando...
Entre folhas e névoa
Entre o céu fechado e a terra
Corre o sangue ainda vívido
Contrastando com o entorpecido dia
Cujo tom lúgubre torna lívido...
Há outra ironia porém:
O sangue que corre além
Rubro – significando vida
Brota da morte desse pequeno anjo
Fugindo da ferida que o matou...
Não chores, não estás só
O corpo que olhas já não és mais tu
Vim buscar tua alma
Por isso estou aqui
- Peço-te que tenha calma
Virás comigo para o alto...
Para o céu que te chora embebido em luto
Enquanto aquela última folha cai,
Enquanto a última gota de sangue se esvai...