Portas e portais guardam tanta coisa.
O segredo dos passos,
o lampejo das presenças.
O odor de perfumes íntimos.

Umbrais atravessados.
Rastros de palavras,
de fonéticas e gestos.
Humanização em amplo espectro.
Toque de Midas
que atravessa
a luz ambiente da ambição.
Cega pelo poder áureo.
 
Poder supremo
e convencional.
Poder de ter.
 
Combinemos:
não existe poder entre nós.
existe afeto e
afetação.
Existe pertencimento e
alienação.
 
Contaminação humana.
Provocado pelo vírus mutante
e instável.
O vírus paradoxal
da constante insatisfação
ante tudo.
 
As portas abrem
e fecham.
Eternizam fases.
Temporalizam momentos.
A porta fechada.
Mistério e secção.
 
Muralha urbana e
contemporânea.
Que civilizadamente separa os condenados
E os homens livres.
Que encarceram almas
em cubículos.
Essências em princípios ativos.
Verdades em firulas cartesianas.
Encarceram corpos na
dimensão geográfica e
biológica.
 
Há tantas portas.
Ao cortarem o cordão umbilical.
Abriu-se a porta e
fechou-se outra.

Precisamos ser independentes.
Fugimos para a liberdade
E, esta nos algema
ao pé da consciência.
E perde a chave.
 
Na porta estão
inscritos paradoxos
insolúveis.

Vivemos ao pé da porta.
Até ultrapassarmos a
derradeira porta.
 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 14/04/2014
Código do texto: T4768829
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