Portas e portais guardam tanta coisa.
O segredo dos passos,
o lampejo das presenças.
O odor de perfumes íntimos.
Umbrais atravessados.
Rastros de palavras,
de fonéticas e gestos.
Humanização em amplo espectro.
Toque de Midas
que atravessa
a luz ambiente da ambição.
Cega pelo poder áureo.
Poder supremo
e convencional.
Poder de ter.
Combinemos:
não existe poder entre nós.
existe afeto e
afetação.
Existe pertencimento e
alienação.
Contaminação humana.
Provocado pelo vírus mutante
e instável.
O vírus paradoxal
da constante insatisfação
ante tudo.
As portas abrem
e fecham.
Eternizam fases.
Temporalizam momentos.
A porta fechada.
Mistério e secção.
Muralha urbana e
contemporânea.
Que civilizadamente separa os condenados
E os homens livres.
Que encarceram almas
em cubículos.
Essências em princípios ativos.
Verdades em firulas cartesianas.
Encarceram corpos na
dimensão geográfica e
biológica.
Há tantas portas.
Ao cortarem o cordão umbilical.
Abriu-se a porta e
fechou-se outra.
Precisamos ser independentes.
Fugimos para a liberdade
E, esta nos algema
ao pé da consciência.
E perde a chave.
Na porta estão
inscritos paradoxos
insolúveis.
Vivemos ao pé da porta.
Até ultrapassarmos a
derradeira porta.