Amanheceu
Hoje, sério; amanheci calado...
Sem boca pra quase nada,
Ouvindo pelos cotovelos,
E eu que era todo ouvidos...
Em cima do muro dos lamentos,
No azedo manjar dos preconceitos,
Onde o prazer ronda a torpeza,
E a dor parece acenar da galera.
Como o narciso do poeta,
Achava feio tudo o que não
Refletia minhas certezas dúbias,
Agora, nem sei mais o que as cores,
Em altas e frias temperaturas,
Podem dizer aos meus olhos.
A textura do pensamento, rugosa,
Febril, baila em revés; trêmula,
Trôpega, cambaleante; porém,
Cética; querendo saber, da piscina,
Da gasolina, da bailarina, da colombina...
Mas não há nada de novo no fron;
A guerra é a mesma, a mesma resma
Do antigo papel em branco;
Tábula rasa, que não dá pé nem cabeça.
O importante é que amanheceu,
Assim como o dia, belo e venturoso...