Amanheceu

Hoje, sério; amanheci calado...

Sem boca pra quase nada,

Ouvindo pelos cotovelos,

E eu que era todo ouvidos...

Em cima do muro dos lamentos,

No azedo manjar dos preconceitos,

Onde o prazer ronda a torpeza,

E a dor parece acenar da galera.

Como o narciso do poeta,

Achava feio tudo o que não

Refletia minhas certezas dúbias,

Agora, nem sei mais o que as cores,

Em altas e frias temperaturas,

Podem dizer aos meus olhos.

A textura do pensamento, rugosa,

Febril, baila em revés; trêmula,

Trôpega, cambaleante; porém,

Cética; querendo saber, da piscina,

Da gasolina, da bailarina, da colombina...

Mas não há nada de novo no fron;

A guerra é a mesma, a mesma resma

Do antigo papel em branco;

Tábula rasa, que não dá pé nem cabeça.

O importante é que amanheceu,

Assim como o dia, belo e venturoso...

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 24/03/2014
Reeditado em 24/03/2014
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