"FIM do PURGATÓRIO"
Bem sei que foi assim...
Cantava a cotovia
O sol quase nascia
Eu choraria enfim,
O choro de alegria
Meu quarto azulado
Então já enfeitado
À espera deste dia
Em janeiro passado
Quando fui concebido
Senti-me tão querido
Presente desejado,
Já tenho até ouvido
Quando chuto a barriga
De quem ora me abriga
Serei o preferido
Mas quando ela briga
Nem sei se é comigo
Afago o seu umbigo
Com dedos faço figa,
Aqui não tem perigo
Sei que sou diferente
Meus olhos de oriente
Não podem ser castigo
E como sou presente
Por Deus fui escolhido
Não faz nenhum sentido
Temer amor ausente,
Que o dia colorido
Apague esse dilema
Da paz faça seu lema
Está tudo esquecido
Voltando aquele tema
De resto sou perfeito
Até o saco, do jeito
Que li no teu poema, (*)
Escrevas bem direito
Ainda tenho pulsos
E ouço teus soluços
De bruços no meu leito
Perdoes meus impulsos
Dum interrogatório:
Não tem mais purgatório?
Os anjos foram expulsos?,
Desculpe o falatório
E tanta indagação
Te dei procuração
Sem firma no cartório
Ah! Mãe, ainda não!...
Cantava a cotovia
O sol quase nascia
Por que a escuridão?...
Bem sei que foi o fim...
Ouvindo a cotovia
Termines esta poesia
Chorando... mesmo assim...
Ass. VICTOR GABRIEL (p.p.)
(*) Ele se enganou, é (ERA) um Soneto: “SACUDO SONHO (O SONETO POR VIR)”, que cheio de esperanças, publiquei aqui, no dia 23/FEV/07.
(**) O título original (“AH !... MÃE...”) foi alterado hoje (7.MAI.7)