Meu palácio ( Voo de poeta)
(Dedicado ao meu pai Ignácio, Bispo Gonçalves}
A noite é calma
no entanto, eu me espanto...
Abro os olhos ali no canto,
Nos corredores frios
de um hospital qualquer,
venha de onde vier
vocês e angústia,
sente-se mal.
A espera
para ver o doente
olhando para toda gente,
a espera é crucial.
Passa "maca",
todos olham angustiados,
o terror se estabelece,
quem é aquele coitado
que está sendo levado
por mãos firmes,
mas estranhas,
será que é meu doente?
Aqui neste hospital
a espera é crucial.
Vem a enfermeira e avisa:
– Está na hora da visita,
só dois pra cada paciente,
um de cada vez.
Um passa, o outro fica
e nesta angústia crescente,
você vai se sentindo mal.
A espera crucial.
Termina a visita,
amanhã você volta.
Senta ou fica em pé
Mas, tudo o que você quer
é ver o ente querido,
que parece estar querido
que parece estar perdido
naquele leito, tão mal.
Será que ele melhora?
Será que ele piora?
A espera é crucial.
Quando eu fiz estes versos,
o rei não tinha morrido,
o rei não tinha sofrido
uma dor assim tão cruel.
Os olhos semi-cerrados,
a boca com ferros truncada,
aquela agonia danada
e a face transtornada,
e amargor d'aquele fel.
Estirado ali no leito
com uma das mãos sobre o peito,
gelado de fazer dó,
jazia Ignácio Gogó.
querendo falar sem poder,
perguntei o que dizia,
que eu não compreendia
o que ele queria dizer.
Desesperada eu via
naquela triste agonia
meu velho pai falecer.