dor
deitado no tempo perdido
procurando nos olhos da noite
as cores roubadas de uma cidade de pedras
alma pedindo um copo de vida
na esquina direita da casa velha
onde vi uma criança comer a carne humana do pecado
vestida com as roupas de sua mãe morta
passado não quer ir embora
e meu caderno
quer beber outras inspirações
mas entre o frio deste castelo de areia
esconde o fogo
que quer derreter as flores do meu jardim
mas o ponto final
quer dar um fim
nos raios de um novo sol de verão
mas quero morrer de frio
e minha coberta foi beber aguas poluidas na lavanderia da nova
esquina do inferno
melhor trancar todas as portas
e sonhar com guerras de tortas
mas um morto não pode brincar
o melhor mesmo
e um bom copo duplo de veneno
e assim escrever
o verdadeiro ponto final
de um passado tão presente.