AMPÉRO
Vou-me embora pra Ampéro
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Com a vida que escolherei
Vou-me embora pra Ampéro
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que a Rainha Louca,
Falsa e demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
Em Ampéro tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir esta solidão
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Com a vida que escolherei
Vou-me embora para Ampéro.
Adeus família, adeus amigos, a Deus entrego
A minha vida, o meu destino, o meu inferno
Adeus meu lar, adeus ás cruzes e aos pregos
Em breve ressucitarei em Ampéro!
Modificação do texto de Manuel Bandeira - Pasárgada