MENDIGO
De madrugada inda na fria brisa,
que no alvor fustiga o fim do sono,
uma friagem resvala e desliza
no corpo sentimento de abandono.
Uma coberta recaída ao chão,
no desmazelo noturno de alguém,
são tantos sonhando na escuridão
que não percebem que outro dia vem.
Enrolando-se em gotas de orvalho,
sem cama, sem colchão, na laje fria,
e quando a luz lhe chama ao trabalho,
nem se desperta ao nascer do dia.
Vê correndo o mundo quando acorda,
seu pensamento já está no anoitecer,
sem um destino beirando a sua borda,
só lhe restando a hora de morrer.
(YEHORAM)