Adeus, Amélia.
Passo o dia tentando enganar meu pensamento, driblando o semblante caído, forçando risos vazios de alegria. Mas a rotina me faz lembrar Amélia. Mas o silêncio da noite me faz buscar por ela.
No improvisado palco do nosso amor, ainda está seu travesseiro, seu cheiro, e a falta que ela me faz.
As horas se tornaram minhas inimigas e o telefone parece debochar de mim. A felicidade atravessa a rua quando me avista, com medo de ser contagiada pela minha maré de pessimismo e desesperança.
Mas, Leiria e meu coração jamais voltarão a sentir aquela rotineira alegria, pois o que se sabe é que Amélia já não existe mais.
Hei de voltar à lagoa, paraíso do nosso primeiro e derradeiro encontro, para arrancar a flor de esperança, ali plantada, e lançá-la sobre a lápide frígida, em despedida sem volta.
Despeço-me da batina, da paróquia, de Leiria...despeço-me de mim mesmo, pois jamais voltarei a ser Amaro; jamais voltarei a escrever Amélia.