JUSTIÇA AO PÉ DO MORRO
Detido ao pé do morro
A critério da PM
Sumariamente julgado
Ali mesmo condenado
Foi levado para a prisão.
O inocente coitado
Sem culpa no descalabro
Viu a vida revirada
De ponta-cabeça no chão.
Isolado e sem defesa
Lembrava-se da nega Tereza
Em casa sem mantimento
Para alimentar o rebento
Que há pouco vira nascer.
Mofando no indefinido
Não viu seu castigo cumprido
Porque num sonho de louco
Flutuava com leveza
Nas nuvens com a Tereza
Enrolado num lençol.
Mas a realidade do sonho
Fez-se ao nascer do sol.
Não suportando a tristeza
O lençol virou tereza
E num pulo sem destreza
Da morte, atravessou o umbral.
José Mattos