Anjo da morte
Talvez um dia você entenda,
Eu já nasci morta
E quem nasce com data de validade
Está fadado a não durar.
Não sei como afastar certos demônios
Devo estar tentando os rituais errados
Usando um livro atrasado
Ou lutando contra o impossível.
Eu sei é que certas coisas ainda me atormentam,
O tempo todo
Sempre,
Em cada oportunidade singela.
O vento mais frio da madrugada que entra
Pela fresta da única janela que você
Se esqueceu de fechar
Esse vento corta
Perfura
Corta fundo
E sangra.
Cada passo seu me faz sangrar
E já tenho um mapa de pegadas que percorre a cidade inteira.
Meu mapa vermelho não leva a lugar algum,
Mas tem as paradas mais dolorosas que eu poderia imaginar
Sou chutada do táxi nos lugares mais indesejáveis
E amarrada em frente a um telão
E “videio” cenas de ultraviolência amarrada firmemente ao passado.
A dor reside na minha incapacidade de seguir em frente e deixar pra trás.
E quem traz a dor?
Ah, você.
Meu anjo da morte.