SÚPLICA DE UM POETA

(Sócrates Di Lima)

Ainda, que eu ande solitário pelos desertos,

E o sol secando a minha pele morena,

Meus lábios rachando descobertos,

Não temerei a morte e nem me terei pena.

E ao olhar ao longe em olhar cego,

Oásis rodeado de palmeiras verdes,

Não beberei dessa miragem que carrego,

E nem morrerei de sedes.

Mesmo que a noite gelada sobre a areia,

Fugindo dos escorpiões e cobras,

Não me entregarei á tristeza que me rodeia,

Nem me alimento das sobras.

Ainda que os ventos bravios meu olhar cegue,

Permanecerei firme na minha caminhada,

A sombra solitária que me segue,

Será minha companheira de jornada.

E quando amanhecer o dia acinzentado,

E encontrar o portal do meu destino,

Saberei que não morri no meu deserto violentado,

Nem deixrei de ser poeta menino.

E quantas vezes mais serei incomprendido,

Por ser intempestivo e questionante,

Por ter tarefas incessantes que me faz retido,

No tempo de ir e vir de viajante.

E se sou um louco desvairado,

Que o amor me faz assim tão tenso,

Deus, apaga de minha alma todo o passado,

E me leva a outro mundo a que sou propenso.

E se a tristeza um dia me pegar,

Jogar-me no calabouço da solidão,

Com a lança da imortalidade venha me sangrar,

E arrancar-m do peito este bandido coração.

Deus, eu não sei amar de outro jeito,

Senão na entrega profunda e insana,

E que alguém me compreenda neste defeito,

Ou então tire de mim, esta condição humana.

E se um dia ocasionamente me fiz poeta,

E quis amar a qualquer preço,

A inveja do mundo hipócrita não me afeta,

Pois, sofrer por amor, eu não padeço.

Deus dos poetas loucos, diante das minhas incertezas,

E um dia a real felicidade me pacifica,

E deixe-me fora das mais vis tristezas,

Para que cesse de vez toda a mnha súplica.

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 04/08/2013
Reeditado em 04/08/2013
Código do texto: T4419386
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