Como um pássaro sem asas
Me sinto como um pássaro de asas cortadas, fora da gaiola.
É como se eu assistisse os outros pássaros, cantando e voando, como bem entendem.
E eu aqui, com minhas asas cortadas.
Elas já bateram várias vezes, fortes, me fizeram voar.
O pior de ser um pássaro de asas cortadas, é ser um que ainda lembra qual a sensação de voar.
A liberdade do vazio azul do céu.
As belezas aéreas de um entardecer.
Agora vejo tudo do chão, olhando pra cima.
As lembranças são como um pendulo afiado, que a cada ida a vinda, corta uma parte de mim.
A dor é perpetua, as vezes intensa, as vezes fraca, mas sempre lá.
Os pássaros continuam a voar, enquanto eu os assisto, a distancia.
Voam sem se preocupar com aquele que não tem asas.
Voam pois se cansaram de tentar ajudar aquele que não voa.
E não se importam mais com aquele pássaro.
Eu não deveria me importar, mas eu me lembro como é voar.
E me importo.