A recordação

Era noite plena, com seus ruídos habituais

numa cidade que não mais é pequena,

há muito, já são naturais

Minha consciência, de repente, despertou

era hoje, era a data que eu temia;

dois anos de minh'alma em luto,

em luto pela alegria natural que nunca mais senti

em luto pela sorte que não mais revi

em luto pela força que perdi.

Ah!, como é maldito esse sentimento,

essa dor que ainda corre em minhas veias

essa ausência que sua maldita presença me faz.

Não poderia lhe pedir de volta, a sorte que não te pertence

pois a mesma deixou de me pertencer

só peço que morra aos poucos,

que sofra correndo essa mágoa

que me ilude de sua ausência.

Ah!, não esqueças daquela arma que guardas a sete chaves

ela servirá para muito

entregue-a a alguém que não seja confiável,

que a maneje como algo afiável,

que a reintegre na sociedade daqueles esquecidos.

Não temas o que lhe peço, pois de nada servirá

o que ainda pulsa em minhas veias, não importa;

deixe o rancor e a mágoa comigo, já se tornaram bons amigos

e cuide dessa minha sorte e alegria que sem querer derrubei em ti,

numa daquelas caçadas por uma noite e nada mais.

Não se esqueça também de alimentá-las com ingredientes próprios

como a busca pelo reconhecimento de que és um infeliz.

Somos infelizes, não importa mais nossos bens;

materiais, infernais, só nos trazem a agonia da lembrança que queremos não mais lembrar.

Ah!, morra aos poucos, como citei

e que a cada suspiro angustiante que der

lembre-se dos nossos momentos "especiais",

que há tempos não são lembrados.

Que teu remorso se encontre com minhas mágoas e aflições,

e que minha sorte, se faça entender, não funcionará mais contigo.

Se eu não posso ter minha paz de volta,

que não seja sozinha;

morra, infeliz, morra aos poucos

com a praga que reveste tua alma imunda,

a mesma praga que reveste tua face falsa.

Mage
Enviado por Mage em 30/03/2013
Código do texto: T4214480
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