NAS ASAS DA TRISTEZA
(Sócrates Di Lima)

Voam os ventos dos meus pensamentos,
Içam asas pelos desertos,
Nunca imaginei que meus sentimentos,
Deixariam de estar aqui tão pertos.

E como uma tempestade de raios cortantes,
Que rasgam os céus da minha alma assim,
Cortando ao meio um coração vascilante,
Que se esparrama dentro de mim.

Sinto-me com as viscerás do amor expostas aos abutres,
Como quem rasga o peito e expõe o coração,
Certo de que aqueles sentimentos ilustres,
Deixaram o outro coração no tempo da razão.

E que tristeza pude experimentar,
Coisa que jamais poderia sentir,
Já que meu coração vive de se alegrar,
Os sentimentos que deixaram de existir.

Mas um dia tinha que chegar,
A hora e a vez do meu coração querer,
Um poeta nunca deixa de amar,
Mesmo que a sorte deixa de lhe pertencer.

Olho ao longe o horizonte perdido,
Sem luzes e sem encantos,
Por mais que eu tenha vivido,
Nunca na minha vida me concorri tanto.

E por certo a culpa'é minha,
Meu orgulho me feriu  gravemente,
Aquela que um dia foi minha rainha,
Hoje talvez nem me lembre de repente

Deveras tinha que ser hoje esta tristeza,
A ultima do tempo velho,
Do ano que enterro com certeza,
De que apesar de tudo, fui feliz com meu espelho.

Nas asas da tristeza me ponho em devaneios,
Pensamentos dispersos e vagantes,
Do ano entrante tenho meus anseios,
De um novo tempo de amor abundantes.

Ah! Que me socorra meus sonhos loucos de todo jeito,
Arrancando-me das  asas de uma saudade,
Que reformule este coração passado do peito,
E troque minha tudo por uma  nova felicidade.

Ah! Que meu peito não sufoque nenhuma saudade,
Como um nó indesatável,
O amor que me trazia felicidade,
Hoje voa longe não mais alcansável.

E se minha alma hoje não chora,
É porque dantes nem percebia,
Que aos poucos ela estava indo embora,
E aqui dentro de mim, eu já sabia.

Mesmo que ela não quisesse,
E assim, não queria,
E mesmo assim, se não fosse,
Não sei porque, permitia.

Sinto-me sem a velha emoção,
Na rudez aguda da razão,
Com a sua ida para longe da minha visão,
Arancou e levou consigo qualquer pretensão.

Porém, todo amor que me sustentou,
De repente chegou ao fim,
Contudo, e  por certo morreu, não acabou,
O meu amor por ela, ainda, não se foi do coração.

Embora hoje, não sinta tanta tristeza assim, 
Todo o passado haverá de findar-se por certo,
No hoje, dentro de mim,
 sou um cravo vivo e vigoroso no meu deserto.

Não quero e nem posso viver de passado,
Um novo tempo há de vir,
Sem que eu espere um algo pode surgir,
E tudo em mim, haverá de ser começado.

Ou no velho ou no novo,
Só Deus sabe a nossa programação,
Da vida do amanhã absorvo,
A certeza de
que ela segue em frente, então,

E, se este amor morreu no coração dela,
Restando apenas resquicios de um fim,
Por capricho do destino, o meu amor por ela,
Ainda, vive e sangra dentro de mim.





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Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 31/12/2012
Reeditado em 02/01/2013
Código do texto: T4061461
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