Assassino

Hoje todas as esperanças morreram, fronteiras foram delimitadas e não há espaço para mim. Serei imagem pálida e sem foco no fundo das tuas memórias perdidas.

Meus sonhos estavam doentes, hoje morreram. Montanhas foram erguidas e abismos foram abertos entre nós. Não espaço para mim. Sufoco calado minha dor, luto contra ela que parece maior que eu. Tento não gritar, pois você não ouviria e nego até o último momento minha paixão, pois você não entenderia.

Diga-me para prosseguir, diga que não posso e não devo desistir, seria bom demais ouvir você outra vez. Talvez a última antes de minha lembrança evanescer da tua mente sem deixar marcas no teu coração.

Não me envergonho de ter sido tolo ao ponto de sonhar que um dia acordaria do teu lado contemplando teu sorriso, não me envergonho de ter sido fraco e débil, entretanto, há um preço a se pagar por isso que já está sendo cobrado. É espantoso o tamanho do meu desejo, mas terá que morrer também, embora ache impossível.

Sou agora fumaça que se dissipa,

O livro inacabado,

O poema escrito com sangue. A lágrima negra.

E que ninguém me questione ou pergunte, pois sempre negarei minha paixão.

Peço-te perdão. Peço-te licença. Tenho que matar cada sentimento, na verdade, deixá-los morrer.

O sonhador, hoje não pode sonhar mais, tem que desistir, tem que desaparecer e levar sua presença para o mais longe possível.

Hoje, meus sonhos morrem.