Tristeza e Mocidade [ com Derek Soares Castro, Renan Tempest e Alysson Rosa ]

Nestório:

Os meus anos de vivência

Foram lúgubres, tristonhos.

Mocidade... decadência...

Consumiram os meus sonhos.

Derek:

Trago ao peito tanta agrura!

Tanta dor e soledade!

Oh! Por que a minha ventura,

Faleceu na flor da idade?

Renan:

Jaz minh'alma tão sombria,

Solitária e merencória.

Nem mais sei o que é alegria!

Ah, é tão triste a minha história!

Alysson:

Compreendo-vos, Senhores…

Eu também sofri na vida:

Minha infância foi de horrores!

E inda sinto essa ferida.

Nestório:

E, eu que sendo um desgraçado;

Sou por todos esquecido;

Sem futuro! Sem passado!

Pois, nasci já falecido.

Derek:

Do viver as florescências,

Não gozei sequer um fruto.

Prantos, mágoas e dolências,

Vigoraram o meu luto.

Renan:

O fel é eterno em mim,

Porém, não estou sozinho:

Andais p'lo mesmo jardim

De Tristeza que caminho...

Alysson:

É, irmãos, a pena é dura…

Dói-me tanto, o coração,

Que já vejo a sepultura

Com delírios de paixão!

Nestório:

Esta vida afeita em dores,

Turbulenta e desgraçada,

Põe-me à porta dez mil flores;

São da morte! Minha amada!

Derek:

Que cansaço me tem posto,

Dos meus dias, a clausura!

Em meu tédio, em meu desgosto,

Minha sina é a desventura!

Renan:

Oh! Que infausta mocidade!

Tantas lágrimas... má sorte...

Em tão grácil e pouca idade!

Por que não vens logo, ó Morte?

Alysson:

Eu estou tão decadente…

Logo, logo vou morrer.

Tenho 23, somente,

Mas uns 100 pareço ter.

Nestório:

Oh, Senhores! desculpai-me

Essa odiosa sensação;

Sinto a Cruz… sutil, beijar-me:

— Adeus, vida! Adeus, razão!

Derek:

Já tão cedo e brevemente,

Das visões do meu penar,

Sinto a branca mão dormente

Aos meus olhos, vir cerrar...

Renan:

Adeus, Dor! Adeus, Amor!

Já me cobre o palor frio...

Oh, feneço qual uma flor

Dum jazigo mui sombrio!

Alysson:

Quatro poetas desgraçados,

Quatro túmulos a mais…

Nossos fins já são chegados;

Descansai, irmãos, em paz…

Novembro/dezembro de 2012