Deserto do ser
Sou como um podre homem sedento no inferno, desejando intensamente uma gota d’água. A agonia, a ânsia e o desejo corroendo cada parte de mim embaixo de um sol que queima feroz.
Jogue a esmola ao moribundo.
Sinto a acidez da chuva e o calor da terra sob meus pés. Que triste paisagem desértica. Pareço pesar, aqui a gravidade puxa com mais força. Todo sofrimento provocado por escassez de você.
Jogue água ao sedento.
A imagem no espelho é precária, fraca e sub-humana. Já procurei salvação de meu mundo, mas temo não encontrá-la jamais. Me envergonho de mim mesmo e seu olhar me fere ao mesmo tempo que acaricia as feridas. Você vê além da carcaça e isso é bom, me ensine a ver também, pois no momento não consigo.
Ajuda-me a levantar.