Por quantos minutos...
Por quantos minutos em silêncio consigo ficar?
Por quantos minutos eu consigo me concentrar nos meus medos e no meio de não temê-los?
É justa aquela luta que travamos sem nem mesmo saber se obteremos aquilo pelo que lutamos?
Será que são justos aqueles que nos veem nos esforçando, mas não se esforçam em colaborar?
Porque é dito: Nada é impossível quando tu fazes prevalecer o esforço.
Nem sempre os esforçados são esforçados a obter o que lhes convém.
Talvez eu pare de escrever. Por que eu escreveria, se minhas palavras nem são doces e muito menos de autoestima?
Estimo que meus conceitos paralógicos se perderam neste tempo analógico.
São tantos parasitas que se dizem capazes de se mover. E são tantos capazes de se mover vivendo como parasitas.
Existe tanta paralisia que nem a ciência explica, e muito menos contesta; apenas lamenta.
Porque muitas vezes eu perco o sono. Aliás, o sono me perde.
É quando nos deitamos ao travesseiro e tentamos nos desligar, mas a mente fica completamente estática a qualquer desligamento. Ela não se desliga, apenas se alinha a trabalhos de hora extra.
É quando os dias começam, mas parece que nunca terminam.
Como se tivesse sol todos os dias e ele nunca se pusesse.
Por si só, a cada lamento existe um pouco de fé. Mas não quero fé. Eu não vivo pela fé, mas pela paz espiritual.
Então, meus olhos se retêm em lágrimas, escorregam pelo meu rosto e caem em meu peito.
A cada choro, talvez haja um sinal de transformação. Cada transformação talvez seja um sinal de vigor. Cada vigor talvez seja um sinal de dias de sol.
Porque elas, as lágrimas, não se contêm e caem junto a mim pelo chão.
Engraçado, mas o que seria de mim sem as lágrimas? Seria um rio transbordado internamente de sentimentos?
Porque, quando crio asas, existem caçadores de asas me procurando. Cada pedra que me atinge pelo alto... Sacrifiquei-me pelas asas, pelo voo, mas quantas vezes tive que fazer aterrissagens forçadas...
Quantas vezes os destroços passaram por cima dos esforços... Quantas vezes acordei com Deus, mas me senti acordar com o Diabo.
Pra que diabos podemos sofrer tanto? Mas sabe quando ainda temos a doce esperança, e mesmo assim o receio? Talvez seja a doce ilusão.
Há quantas ilusões envolventes pelo sacrifício do impulsionamento?
A cada impulsão, vem aquela punção de vida nos picar.
Porque nossas asas batem por um esforço, e só a vida poderá superar qualquer batimento.
Aquele abatimento que nos mostra a visão da Terra e nos faz viver naquela esfera de desânimo.
E cada desânimo nos faz viver como se estivéssemos em último da fila. Aquele último lugar do cinema disputado por vários.
Quando pegamos a senha e tentamos ser atendidos, por favor, atenda-nos.
Quando tomamos aquela quantidade de chá de cadeira para ser apenas analisados por um estranho que talvez nem mereça o lugar que ocupa, por favor, preocupe-se.
Talvez nem nós mereçamos o lugar que tomamos ou tornamos a tomar.
A cada tomada, surge aquela palavra de baixo calão eu meu horizonte cerebral.
- Tomar no seu...
Como se fosse só eu que pensasse assim.
Muitas das vezes queria parar de pensar e respirar aqueles problemas que sempre me atingem como um tiro.
Sim, atiro-me de cabeça sobre aquilo que sempre há de me afundar.
A cada afundamento, talvez surjam aquelas palavras de aprofundamento querendo me levantar:
"Leva-te, pois existe uma sombra querendo te acalçar. Levanta-te, pois existe vida ainda. Onde há vida, há também esperança. Onde há esperança, tenha certeza que a vida corresponderá."
Então, não seja como o homem que vende sua alma nas páginas amarelas para o Diabo, e depois lhe caem lágrimas...
Seja aquele homem que se doa pela alma, pela vida eterna, e depois lhe caem sorrisos.
Vale mais se matar por um sorriso do que se perder em lágrimas.
Renato F. Marques