( Em alusão ao sábado chuvoso -10/11/12)



TARDE DE CHUVA
 
Lá fora gotas imaculadas escorrem
por velhas calhas de zinco
e espalham qual um regato
pelas ruas solitárias e quase sonolentas.
Há réstias de um sol como num véu translúcido...
Da janela deixo o olhar no correr das águas...
Aprendi que a chuva é analgésico d’alma,
mas também alimenta uma dor previsível.
Um não sei o quê solto no ar brumoso...
Absorta rabisco no papel
palavras sem nexo, dispersas, vazias...
Desgraçadamente sem rimas...
Essa tarde de chuva é testemunha
de minha poesia tragada bem ali
no parapeito da janela em versos
úmidos e atormentados...
Lá fora gotas imaculadas escorrem
pelos beirais solitários e frios...
E eu, cabisbaixa recolho meu poema...
 


( Imagem google)