TEMPO PREDADOR
Enfrento os percalços desse tempo predador
Perdido no vórtice de tudo o que me alveja
Envolto na penumbra dessas vastas noites
Sob um lacrimante céu de imperfeitos sonhos
Sobre o vértice dos desencantos amordaçados
Sangra a ascese por templos já agora indiferentes
E nas áridas paragens dessas geografias do medo
Campeio nas matas de tua volubilidade e deslumbre
E a dilacerante dor do ocaso ao acaso me desnorteia
Tornando-me presa desses argutos desequilíbrios
Perpassado pelas flechas da insana atemporalidade
Perdido nas incógnitas do que me é desconhecido
Entranhado no meu receio de ser nunca tendo sido
E preso no que em ti talvez nunca seja subjugável
Sangro por algo que em si nunca será sublimável
Mas sei da incontinência visceral dos abismos
E que o doce néctar dos meus desejos ainda jorra
E degusto todos os elos dessa nossa imanência
Desfruto de cada segundo dessa proba esperança
Para não morrer em mim o já me tem em plenitude
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