Solilóquio

Eis me aqui! Ainda não se foi o espírito!

Embora eu perceba que estou mais no além

Que estou aprisionada entre o ativo e o inativo

Sem saber ao certo, o que ainda me sustém!

Não sei se são esses ossos sedentos

Se mantendo ao capricho de não virar pó

Ou se são essas folhas soltas aos ventos

Capazes de entrar na garganta e desfazer o nó

Eis me aqui! Embora a curvada fronte

Inda provoque repulsa quando eu passar

Sem olhar para trás ou avistar horizonte,

Sem força, sem garra, mas continuo a caminhar.

E ainda que essas mãos dormentes,

Abobadas, tentem me trair.

Continuarei nesse arrastar de correntes

Entre o existir e o não existir!