A trajetória de uma lagrima
...Uma lagrima desce dos olhos,
Tão salgada quanto à água do mar,
Tão amarga quanto o desejo, de não desejar.
Os olhos se apertam e outras também descem,
Como a chuva, que com poucos pingos começa...
Dando inicio a grande tempestade que virá.
Como o trovão o soluço chega fazendo barulho,
As lagrimas não param...
Tão vivas quanto o desejo de não estar,
Vão descendo abandonando os olhos...
Sem saber quem irá as amparar,
Inútil seria conte-las!
Rastejam até o queixo e por um instante param.
Depois de um segundo como suicidas; elas pulam!
Em silêncio vão caindo, caindo, caindo...
As mãos com as palmas viradas para cima,
Tentam as amparar, inútil.
Levam-nas de volta ao rosto,
Elas unem-se as outras que acabam de descer,
Que não queriam continuar.
E como um peso morto, um incentivo infame,
Unem-se e empurram suas irmãs,
E de mãos dadas voltam a pular...
E nesse frenético desespero de tentar calar o coração,
Na contramão desta mão trémula,
Nessa fúria contida, desmedida...
Sem vaidades, nem palavras,
Que os olhos sangram em vão.
No silêncio dos nossos mais íntimos desesperos...
É quando apertamos os nossos olhos,
Que aliviamos a emoção.
Allan Ribeiro Fraga