o dia 19

eu deitei em minha cama

e me agarrei com todas as minhas forças na cabeceira

mas nada podia me conter e muito menos dizer

quanta força eu estava dispendendo

eu na tinha ninguém

eu estava sozinho

era eu e apenas o Escuro

sentei em minha cama e me senti como uma criança

balancei minhas duas pernas no ar

eu caminhava em nada

brinquei com as sombras sonhando ser a tua mão

não era a de mais ninguém

minhas mãos estão macias

pelos pecados extremos e erros que venho cometendo

talvez eu não saiba o que é amar

eu disse “talvez”

jamais ou tão cedo terei essa certeza em cima de um outro alguém

foi você quem eu mais amei

foi pra você a quem eu mais me dei

foi pra você que finalmente que me declarei Livre!

eu assistia nosso filme passar

no teto de minha imaginação mais perversa

eu via a porta abrir e eu chamava por você

depois eu me perguntava

o porquê minha mente estar me conduzindo assim

mas eu nada entendo

eu nada posso entender

eu só preciso de um canto para ficar Sr. Mendigo

eu só preciso de uma moléstia para curar

e então caminharei em paz por esse mundo!

eu deitei em minha cama

e engoli a saliva em seco

e finalmente eu consegui sentir

o verdadeiro sentido de “perder parte de mim”

sim, eu perdi

mas agora seria um pouco tarde

eu dormi tarde e tentei me matar

tudo o que eu mais queria era sugar o ar pra fora de mim mesmo

eu queria me combater, eu queria me dominar

eu queria me amordaçar em mente, eu queria me matar

eu queria me ferir

eu queria não existir

daquele 19 de fevereiro para meses atrás!

eu escutei as vozes que o além me enviou

eu escutei

o choro do meu amor

há léguas submarinas de minha cabeça dormente

e eu não sabia onde cavar

e muito menos a quem combater

a perfeita aliança do Homem com A Morte

da Mulher com a Decepção Amorosa

causada por mim

unicamente por mim

por minha covardia

por minhas lamentações futuras

por todos os meus desleixos

pelas minhas angústias e pelos meus dissabores

pelas minhas cargas nocivas e pelo meu jeito cruel

eu deitei em minha cama

e desejei ser mais humilde

eu repousei sobre meu próprio peito

e desejei voltar a ser criança

sim, este mundo está me enlouquecendo

essa não é a peça que realmente quero representar

eu abri a gaveta de todos os meus medos

e escolhi o mais profundo e insano deles

pra me deparar com a Morte

ela está na minha frente e eu não sei o que fazer

eu abro os braços

e me prendo nas bordas desse abismo

antes que seja tarde e eu realmente me vá!

destinado a errar

destinado a perder

eu deitei em minha cama e quase comecei a chorar

naquela dia 19

e esperando já os tétricos outros aniversários com o 19...

...te amo...

...mas te perdi...

...(?)...

Rônaldy Lemos
Enviado por Rônaldy Lemos em 21/02/2007
Código do texto: T388063