coração consentido
Coração consentido
Sou das serras ancestrais
Que em seus rupestres desenhos
Na pedra do Letreiro, deixei o meu olhar.
Querendo decifrar a poesia das antigas tradições itaquatiaras.
Cachoeiras que há milhares de anos
Brotam da pedra, minam do chão.
Olhos d’água se derramam.
Minha casa, na ponta da serra!
É um mirante porto das nuvens...
Onde se vê a linha do horizonte na curva pálida do mundo.
Aqui a névoa pousa sobre tudo
Deixando tudo branco, indecifráveis caminhos!
Estou tentando bater as asas
Mas não sei para onde voar ainda!
Espero o tempo abrir!
Quem sabe os pássaros saibam cantar novamente
E seja tão bonito como antes observa-los.
Quando todo esse frio for embora!
Quem sabe eu possa amar minha imagem no espelho
Que parece embaçado com o frio
E não haja lágrimas em meu olhar,
Enxugadas por lenços apreçados dos amigos.
Deixe-me voltar ao chão do qual me enterro
No chão além dos gestos
Um pão do branco trigo para toda fome de meus delírios.
De pé no chão! Procuro pela relva um caminho!
Deveria partir agora por dentro de mim
Palavra por palavra!
Como degraus e alcançar a voz interior
Que é a voz do pensamento.
Aflorando um ramo vermelho tal sangue,
Uma raiz que se bebe ao fundo
Em silêncio a canção mineral.
Francisco Cavalcante.