Depressão

Como é difícil viver na angústia de todo santo dia

Da sensação de estar rodeado de armadilhas

Prontas para abocanhar sonhos e alegrias

Sem deixar uma gota de esperança para um recomeço

Nem menos uma luz no fim do túnel, nada impede o desfecho.

O cerco da angústia parece não ter fim, não descansa

É no trabalho, em casa, na família, na rua... corro mais não adianta

Ela é implacável, certeira e de notável perseverança

Só é saciada quando a dor domina o ser por completo

Sem deixar rotas de fuga para o amor, carinho e afeto

As armadilhas são colocadas onde você menos espera

Na porta da sua casa, na esquina e até daqueles que te alegra

Lobo na pele de cordeiro, astuto, vem de macinho sem dá brecha

Te pega despercebido e te abocanha sem remorsos, sem miséria

Despedaçando toda sua carne, em explosão dilacerada de artérias

Sonhos e alegrias agora forma um único conceito: ilusão

Sem forças, o sonho torna-se na parede uma simples decoração

As alegrias, que pareciam ser eternas, não passará uma geração

Não há como reconstruir algo que nunca existiu

Muito menos descrever uma experiência que nunca sentiu

A esperança foi cortada diretamente na raiz

Um corte bem profundo para não fazer cicatriz

Sem espaço para um recomeço, nem por um triz

O nada parece ser a única coisa que resta na estrada

Um túnel incerto de passos frouxos, de mãos atadas

O túnel é tão extenso que parece que não há começo, meio e fim

Os passos estão cada vez mais pesados, não há ninguém por mim

A luz nunca chega para dar esperança, não suportarei tanta dor assim

O final deste filme é bem obvio e está bem claro o que devo fazer

Fazer pelo menos uma vez coisa certa, cortar os pulsos e deixar de viver

Rafael Brandão
Enviado por Rafael Brandão em 20/07/2012
Reeditado em 11/08/2015
Código do texto: T3789170
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