Menina pobreza

Descobri que a pobreza é uma menina

Velha, negra, gorda e feminina;

Se nas noites ela dorme brasileira,

Nas manhãs ela acorda nordestina.

Não mora só em favelas, nas ruínas,

Gosta muito de mansões e cocaína,

Tem gente que lhe adora e só conserva

Dinheiro, petulância e purpuina.

Dos meninos que ela pega ou que namora

Suga tudo o que há de bom e vai embora,

Não permite-lhes a chance de ser pobres,

Solta-os logo miseráveis mundo afora.

Ela dança nas cirandas sertanejas

Em suas paupérrimas linguagens ela sobeja,

Até na mente de mestres e doutores

Ela pode, se sacode inda peleja.

Quando mete o seu focinho nas escolas,

Rolam colas e cabeças, ora bolas;

Funda e afunda fundaçoes e até igrejas

Come o bem que há no homem toda hora.

É na riqueza que ela cresce e aparece

Disfarçada no dinheiro que apetece;

No vazio que há no ouro do tesouro

Cada um tem a pobreza que merece.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 22/06/2012
Reeditado em 22/06/2012
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