Dor contínua
Transborda as lágrimas, a alma partida.
A força se esvai, como líquido incolor e ardil.
A expressão ficando sem vida.
Tristeza de morte, como se essa se achegasse.
E com sua coroa de brumas, limbo e luar.
A mim abraçasse.
E com sua gadanha, abrisse meu coração lá no fundo.
Arrancando de mim as forças, as esperanças,
O desejo mais profundo!
Olhos de vidros embaçados, retrato da derrota.
Um rosário esquecido, arrebentado.
Já pertenceu a essa devota.
Espinhos crescem na garganta com destreza.
Lutam contra o ar teimoso que insiste passar.
Espinhos sem flores, é espinho de tristeza!
E este chão duro, de terra seca, cheio de contentamento.
Engole meu choro, se delicia e caçoa.
Suspiro e pó se perdem no vento.
Uma mão estendida, mas a alegria se esquiva.
Só meu dom ainda não está perdido.
Só isto ainda me mantém viva!