Um cheiro forte de enxofre...
Exalava por todo ar de chofre;
Vinda dum velho cofre,
Que pertencia ao seu Onofre!
Foram tantos anos de penúria...
Ao lado daquele ser sob picardia!
Privação e postergação que aluía...
O meu viver insano sem sabedoria!
Agora, vendo àquele préstito sair
Daquele ser vil e desumano;
Até o cheiro da lama posso sentir...
Misturada ao enxofre de tantos anos!
Sei que precisarei de muita coragem
P'ra abrir e exorcizar àquele cofre...
Responsável pela minha desgraça;
Eu, que perdi o melhor da juventude!
Vivendo enclausurada neste ataúde
Clamo aos céus que o perdoe!
Afinal, eras cego, infeliz e fadado...
Ora inerte! Ao jazer c'mo todo mundo!
Não adiantou tanto ouro e prata...
Se sempre viveu na penúria e rechaça
Comendo unha com angu de farinha...
C'mo se fosse um manjar da Rainha!
Livre e solitária sei que prosseguirei...
Após, incinerar, este ser ingrato!
Onde depositei; o melhor de mim...
E, só recebi, desdém, e maus tratos!