DADA-VENIA
Se os meus anjos morassem nas casas do céu
E toda timidez se esconder no papel
Emprestarei o delírio de um poeta
Descuidado e a minha porta aberta
Fez o doce da voz perder o mel;
Se eu tivesse apenas 8 anos de idade
E avistasse caminhos nas ruas da cidade
O pecado nem me fizesse mal
O cervantes morassem em me quintal
E pudesse explicar o que é saudade;
Vasculhei estrelas em frias manhãs
E dobrei muitos sinos por coisas tão vãs
Pois as dores nas bulas de morfina
Mais as queixas que ouço na esquinas
São pecados, serpentes e maçãs;
E esse espírito triste que o tempo tingiu
São passeios, passagem de alguem que dormiu
Esperando que a terra seja leve
E a agonia da morte venha em breve
Sem saber o porquê se permitiu;
Na ganância de ser um vivente comum
E pateticamente apenas mais um
A quem só bastaria poetar
Dada-venia se a alma quer cantar
Sendo tantos, bem sei, não fui nenhum
Sendo tantos, bem sei, não fui nenhum...