Apenas uma lágrima sua

Caminho entre as sepulturas,

entre os mortos e as cinzas,

lendo as lápides, vendo as datas,

nas inscrições góticas ou latinas,

nas pedras de granito fino,

e nos pesados mármores roídos,

observando os sérios semblantes

dos anjos alados apontando um caminho.

Caminho, pensando nas sombras

dos que aqui jazem,

nos que descansam e dormem

aqui e para sempre o sono eterno.

São ossadas apenas, ossos alvacentos

debaixo das grossas lápides gravadas,

reconhecendo a fragilidade da vida,

e a confiança na ressurreição da carne

após a expiação de todos os pecados.

Entre as sepulturas quedo-me a pensar

que um dia também não serei nada,

nada mais

do que carne podre roída por vermes,

vorazes e famélicos saprófagos

que irão consumir o meu corpo.

Nessa certeza, trago a incerteza, a dúvida,

se alguém passará pelas sepulturas

lendo os nomes e dizendo as datas

e falando sobre mim.

Não sei se alguém

lembrará que um dia

eu existi.

Mas não me importo com os outros,

que quero apenas,

eu peço apenas

uma lágrima dos seus olhos

LuizMorais
Enviado por LuizMorais em 03/02/2012
Código do texto: T3477650
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.