DESDIZENDO

Sinto dizer,

mas os sonhos se foram,

deixaram-me, enfim.

Com mãos de ferro,

arranquei-os desse coração tão tolo.

Onde antes eles estavam,

ficou uma chaga dolorida

lavando-me todo dia a face,

com lágrimas frias.

Sinto dizer,

mas a dor também se foi.

Deixou-me, pouco a pouco,

foi morar n’outro lugar.

Levou consigo os suspiros,

não há mais lágrimas,

não há mais ais

... não há mais.

Sinto dizer,

mas também não estás mais aqui.

Deixou-me desde sempre,

para nunca mais.

Em teu lugar, o nada.

Consigo, levas-te tudo.

Sofro a ausência de mim mesma,

sigo levando a vida a esmo.

... vazio infinito e silencioso...

Sinto dizer,

Mas preciso desdizer.

É que às vezes me traio,

- Maldita auto-infidelidade! -

Retomada a confusão:

Renascem os sonhos,

Reincidem as dores

E adivinha o que mais...?

Fabiana Gusmão
Enviado por Fabiana Gusmão em 02/02/2012
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