Um Preço
Meu espírito está cansado,
meu corpo também,
as sensações me faltam,
não sei mais de mim,
meu norte acabou,
sou por todas as direções,
mas não tomo nenhuma.
Nenhum rumo me atrai,
nenhum pensamento me assalta.
Apenas a vida pulsa.
E por que sei?
Porque o coração bate,
ainda pulsa,
do contrário nem saberia estar vivo.
Os movimentos são de um autômato,
de um robô,
de um ser que não é,
nem será.
Um desalmado.
Incapaz de discernir o próximo
momento.
O que me guia, ainda,
é uma vã esperança.
Que nem sei nem qual seria.
Pode ser apenas aquilo que se chama
Instinto de Sobrevivência.
Fiz o que fiz.
Me arrependi.
Mas será que valeu a pena?
Terei que pagar para sempre?
Se esse é o preço, não posso.
Não é justo, nem tenho estrutura.
Por isso, vago por aí.
Por quanto tempo.
Não sei.