IN MEMORIAM

Dor que intriga, castiga, não minto,
Me sinto vagando em um labirinto,
Emoldurado pela saudade.

Saudade de você camarada Rogério,
Que se foi - voou para o etéreo,
Fora de hora, na sonora mocidade.

Todo mês de dezembro e desse jeito,
A emoção me aborda, transborda no peito,
E a lágrima de revolta me invade.

Não por que você partiu cedo demais,
Mas, pelos requintes violentos, infernais,
Pelos ais que eu não ouvi, pela desumanidade.

Ceifaram a sua vida apenas, por ceifar,
Te impediram de ser, de amar, de sonhar,
De trilhar os caminhos da caridade.

Angustiaram o meu espírito natalino,
Nem mesmo o Jesus menino, o tom opalino,
Suaviza a minha concreta realidade.

Eu sei mano, que prometo não verter mais o pranto,
Mas, não adianta, ele vem devagar, instala no canto,
Do meu olhar e desce com intensidade.

Por mais que o tempo passe anjo querido,
Você é sangue do meu sangue, jamais será esquecido,
O meu coração é sua casa, esteja à vontade.

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Para meu irmão, assassinado a alguns dezembros idos - a dor continua...