VI - VENDO
Vou no silencio desta longa avenida
Só ouço o eco de meus passos e a brisa
E por detrás dos framboians em fila
A lua me acompanha encarecida
E nesta hora é fria a madrugada
Vou relembrando o mundo cão que vi
Gente sofrendo,e gente desamada
Muito abandono jovens drogados
Velhinhos nas calçadas, cabisbaixos e famintos
Artistas maquiados,disfarçados e sofridos
Mulheres semi nuas,maltratadas confundidas
Jornais ensangüentados, cobrindo um corpo sem vida.
Vi um homem embriagado,aos pés de um monumento
Repartindo esse cantinho,com um pobre cão sarnento
Vi o guarda desalmado,jogar os dois ao relento.
Vi que posso sofrer tanto,vendo tanto sofrimento.
Idal Coutinho 1999