SEM ASAS

Noite indecifrada, estrelas inúmeras,
Fitam a minha solidão,
Indiferentes a minha situação,
Nada me surpreende, nada atende,
O meu grito, a minha prece,
Nada comove os anjos de plantão,
Os astros estão distantes – parece
Que as minhas trêmulas mãos,
Não tocam a face da vida,
Não ouço o sopro do vento,
Não sinto a atmosfera,
Incofortável momento,
Não vejo meu rosto no espelho de ônix,
Não vejo possibilidade de me alar,
Com as redentoras asas da fênix,
Apenas, cumpro o meu destino de ser,
Um não ser perdido, um caminheiro,
De me desfazer como um barqueiro,
Se desfaz distante do mar,
Apenas, deixo a lágrima rolar...
Em um rosto deserto, incerto do amanhecer.