Tristeza sem idioma

O meu mutismo se resume em palavras

Escritas abundantemente no pensamento.

Somente os arcanos Silfos

Vibram na freqüência do meu silêncio

E umedecem de ar seus olhos.

Trancado na porta da boca,

Eu retorno ao lado de fora

Onde se iniciou minha voz;

Entregue ao táctil contacto

Sem gesticular as reações por ele impostas.

Na taciturna língua dormente

Enterro os meus segredos e vícios.

Mas nas horas profundas da noite

A inconsciência revive em sonhos mudos

O que deixei de viver e o que não ouso dizer.

Expondo tudo numa gramática ininteligível

Os fúnebres desvarios oníricos

Confessam no paroxismo do desgosto

A tristeza que não sai dos meus lábios

E que talvez não tem idioma.

01 de agosto de 2011

Marcell Diniz
Enviado por Marcell Diniz em 14/08/2011
Código do texto: T3159161
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