Tristeza sem idioma
O meu mutismo se resume em palavras
Escritas abundantemente no pensamento.
Somente os arcanos Silfos
Vibram na freqüência do meu silêncio
E umedecem de ar seus olhos.
Trancado na porta da boca,
Eu retorno ao lado de fora
Onde se iniciou minha voz;
Entregue ao táctil contacto
Sem gesticular as reações por ele impostas.
Na taciturna língua dormente
Enterro os meus segredos e vícios.
Mas nas horas profundas da noite
A inconsciência revive em sonhos mudos
O que deixei de viver e o que não ouso dizer.
Expondo tudo numa gramática ininteligível
Os fúnebres desvarios oníricos
Confessam no paroxismo do desgosto
A tristeza que não sai dos meus lábios
E que talvez não tem idioma.
01 de agosto de 2011